Na quarta-feira, a moeda norte-americana avançou 0,17%, cotada a R$ 5,6447. Já a bolsa encerrou em queda de 0,40%, aos 137.002 pontos. Cédulas de dólar
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O dólar opera em queda de 0,38% nesta quinta-feira (5), cotado a R$ 5,6231 às 9h30. O Ibovespa só começa a operar após as 10h.
▶️ Os investidores seguem cautelosos diante das frustrações com a falta de ações concretas para equilibrar as contas públicas no Brasil. O governo federal tem enfrentado forte pressão para derrubar o aumento do IOF e anunciar medidas que substituam a perda de arrecadação. No entanto, o pacote fiscal só deve ser apresentado ao público na próxima semana.
▶️ No exterior, as atenções estão voltadas para o corte de juros na zona do euro. O Banco Central Europeu (BCE) reduziu a taxa para 2% ao ano, diante da inflação controlada, mas manteve todas as opções sobre a mesa para suas próximas reuniões. A coletiva de imprensa da presidente do BCE, Christine Lagarde, às 9h45, pode oferecer mais pistas.
▶️ A política comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também segue no radar, com o mercado monitorando o andamento das negociações com outros países para reduzir as tarifas sobre importações. Dados da balança comercial de abril devem mostrar o impacto do primeiro mês de tarifaço.
Entenda abaixo como cada um desses fatores impacta o mercado.
💲Dólar
a
Acumulado da semana: -1,28%;
Acumulado do mês: -1,28%;
Acumulado do ano: -8,66%.
📈Ibovespa
Acumulado da semana: -0,02%;
Acumulado do mês: -0,02%;
Acumulado do ano: +13,90%.
Impasse do IOF
No Brasil, a crise do governo após o anúncio do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), há duas semanas, continua a mexer com os mercados.
A elevação do IOF foi proposta há duas semanas, junto com um bloqueio de R$ 31,3 bilhões no orçamento deste ano. O objetivo era o de equilibrar as contas públicas e cumprir a meta fiscal.
No entanto, o mercado reagiu mal à decisão, o que levou o governo a recuar no mesmo dia de parte da medida. Além disso, o Congresso começou a se movimentar para aprovar uma derrubada do decreto presidencial sobre o aumento de imposto, algo inédito nos últimos 25 anos.
O governo, então, buscou os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e negociou um prazo de dez dias para apresentar uma proposta alternativa que substitua parte dos ganhos que seriam obtidos com o novo IOF.
Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a proposta foi apresentada nesta terça-feira (3), mas só será divulgada ao público na semana que vem. Até lá, a alta do IOF continua.
No início da semana, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçou sua posição crítica em relação ao aumento do IOF.“
Sempre tive a visão de que a gente não deveria usar o IOF nem para questões arrecadatórias nem para apoiar política monetária. Acho que é um imposto regulatório, como está bem definido”, afirmou Galípolo, durante evento com analistas do mercado financeiro.
Corte de juros na Europa
O Banco Central Europeu cortou as taxas de juros conforme o esperado nesta quinta-feira e manteve todas as opções sobre a mesa para suas próximas reuniões.
O BCE reduziu os custos de empréstimos oito vezes, ou 2 pontos percentuais, desde junho passado, buscando sustentar uma economia da zona do euro que já enfrentava dificuldades antes mesmo dos novos impactos das políticas comerciais dos EUA.
Com a inflação agora seguramente alinhada com sua meta de 2% e o corte bem sinalizado, o foco do BCE mudou, especialmente porque, em 2%, as taxas estão agora na faixa “neutra”, onde não estimulam nem desaceleram o crescimento.
“O Conselho do BCE não está se comprometendo previamente com uma trajetória específica para as taxas de juros”, afirmou o BCE. “As decisões sobre as taxas de juros serão baseadas em sua avaliação das perspectivas de inflação, considerando os dados econômicos e financeiros, a dinâmica da inflação subjacente e a força da transmissão da política monetária.”
A coletiva de imprensa da presidente do BCE, Christine Lagarde, às 9h45, pode oferecer mais pistas sobre os próximos meses, com o ciclo de flexibilização mais agressivo do banco desde a crise financeira global de 2008/2009 previsto para começar a diminuir.
Os investidores já estão precificando uma pausa em julho, e alguns formuladores de políticas conservadoras defenderam uma pausa para dar ao BCE a chance de reavaliar como a incerteza excepcional e a turbulência política, tanto no país quanto no exterior, mudarão a perspectiva.
Política comercial dos EUA
No último capítulo da guerra de tarifas imposta pelos Estados Unidos, o presidente norte-americano Donald Trump assinou um decreto para dobrar as taxas sobre importações de aço, alumínio e derivados no país de 25% para 50%, o que afeta diretamente o Brasil.
A medida voltou a acender o alerta sobre possíveis impactos da política tarifária dos EUA na inflação do país e do mundo.
🔎 O mercado entende que o aumento das tarifas sobre importações pode elevar os preços finais e os custos de produção, pressionando a inflação e reduzindo o consumo — o que pode levar à desaceleração da maior economia do mundo e até a uma recessão global.
Na terça-feira, inclusive, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu a projeção de crescimento econômico global para 2,9% em 2025 e 2026, por causa das tensões comerciais e incertezas geradas por Trump.
A ação de dobrar as tarifas ocorre em um momento em que os EUA buscam negociações mais vantajosas com os países afetados pelo tarifaço imposto no início de abril.
Embora as taxas tenham sido parcialmente suspensas, elas serão retomadas integralmente em 8 de julho — e têm servido como ferramenta do presidente na tentativa de firmar acordos mais favoráveis com outras nações.
No começo desta semana, Trump indicou que vai pressionar os países para apresentarem propostas “melhores” nas negociações comerciais com os EUA.
Já nesta quarta-feira (4), o republicano voltou a criticar o presidente chinês, afirmando que ele é “muito duro” e indicando que é “extremamente difícil” fazer um acordo com o gigante asiático.
Trump está vivendo um cabo de guerra com Pequim desde que anunciou o tarifaço. E, apesar de ter fechado um acordo temporário com o governo chinês no dia 12 de maio, os dois líderes têm mostrado dificuldade em encontrar um meio-termo para negociações.
Na semana passada, Trump chegou a acusar a China de violar o acordo sobre as tarifas. Em resposta, o Ministério do Comércio chinês disse as acusações eram “infundadas” e prometeu tomar medidas energéticas para proteger seus interesses.
Nos EUA, Trump dobra tarifas sobre aço importado
*Com informações da agência de notícias Reuters.