Segundo a defesa do ex-presidente, ele não será algemado, como é de praxe. O acordo teria sido feito com promotor. Advogados dizem que Trump vai se apresentar à Corte Criminal de NY na semana que vem
A acusação criminal contra o ex-presidente Donald Trump abriu um precedente na democracia dos Estados Unidos. A defesa afirmou que Trump vai se apresentar à Justiça na semana que vem, e o mundo espera pelos próximos passos desse processo inédito na história americana.
A primeira grande diferença é que o promotor de Justiça nos Estados Unidos é eleito. A maioria dos eleitores de Manhattan vota no Partido Democrata. Eles fazem pressão no promotor que elegeram. O promotor de Manhattan é Alvin Bragg. Ele analisou as provas de uma das investigações contra Donald Trump, que já dura quase cinco anos.
Os investigadores queriam saber se Donald Trump tinha feito pagamentos ilegais para que a ex-atriz pornô Stormy Daniels não revelasse que os dois tiveram um caso. A investigação correu em segredo de Justiça. Alvin Bragg analisou as provas e decidiu levar adiante o processo.
Trump teria tentado comprar o silêncio de Daniels enquanto era candidato à presidência para se beneficiar nas eleições, o que é considerado um crime grave.
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O tribunal convocou então um grande júri composto de 23 cidadãos comuns. Eles ficaram um mês analisando as evidências para decidir se a acusação realmente procede. Foi esse júri que decidiu na quinta-feira (30) acusar formalmente o ex-presidente Donald Trump.
O próximo passo é ele se apresentar na Corte Criminal de Nova York a um juiz. Os advogados de Trump disseram que ele vai fazer isso na semana que vem. Trump será acompanhado por agentes do Serviço Secreto americano, a que todo ex-presidente tem direito.
Ele provavelmente será fotografado e terá suas impressões digitais recolhidas. Mas, segundo o advogado do ex-presidente, ele não será algemado, como é de praxe. O acordo teria sido feito com o promotor.
“Se trata de um ex-presidente que é ainda muito popular, com uma parcela muito grande da população, que está falando publicamente que se trata de uma perseguição política, impedindo que os seus apoiadores façam manifestações por ele. E o serviço secreto e a polícia de Nova York já demonstraram preocupações com inquietação social, com manifestações violentas”, afirma a advogada Bárbara Medrano.
Bárbara Medrano é advogada pela Universidade Harvard e explicou que o juiz vai ler para Trump os direitos dele, como o de não responder às acusações e contratar um advogado. E depois vai explicar de que exatamente Trump está sendo acusado.
“A gente não sabe até agora quantos fatos que eles vão tornar público com esse indiciamento, mas nesse momento eles também vão decidir se existe alguma restrição de viagem e se existe alguma necessidade de pagamento de fiança”, diz a advogada.
Trump nesse momento pode se declarar culpado ou inocente. Ele deve se declarar inocente e a partir daí será acertada a data do julgamento.
“Talvez no final do ano ou no começo do ano que vem a gente já tenha um julgamento. Então, existe, sim, a possibilidade de, antes das eleições, o Trump já ser condenado a alguma coisa”, afirma Bárbara.
Trump é pré-candidato pelo Partido Republicano à presidência na eleição do ano que vem. Mesmo acusado de um crime, ele pode concorrer e até mesmo assumir o cargo mais alto do Executivo americano.
“Nos Estados Unidos não existe nada parecido com a Ficha Limpa, ou seja, um político que foi acusado ou até mesmo condenado por algum crime, ele pode ainda ocupar um cargo civil”, explica a advogada.
Só depois de julgado, se considerado culpado, o juiz dirá qual a sentença.
Repórter: Agora, se depois de julgado nesse caso envolvendo Stormy Daniels ele for condenado à prisão, ainda assim ele poderia se tornar presidente?
Advogada: Eu acho que essa é uma ótima pergunta e que está todo mundo aqui se perguntando também. Não existe nenhuma restrição legal a pessoas presas concorrerem ou ocuparem a presidência. Acho que o termo que as pessoas aqui nos Estados Unidos mais usam é sem precedentes, sem precedentes.
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