A Fundação Saúde, que administra a unidade, divulgou nota sobre o caso nesta terça-feira (25) sobre a paciente Alessandra dos Santos Silva,Profissional, que teve o braço amputado após uma cirurgia no útero. Polícia pede prontuários médicos e quer ouvir diretor do hospital onde passista teve braço amputado
A Fundação Saúde divulgou nota nesta terça-feira (25) sobre o caso da passista da Grande Rio Alessandra dos Santos Silva, que teve o braço amputado após ficar internada no Hospital Heloneida Studart, em São João de Meriti.
Segundo a administradora, que gerencia a unidade, a paciente teve uma evolução clínica desfavorável, em que foi preciso aplicar medicação para conter uma hemorragia, mas que pode ter gerado a complicação no braço e que levou à amputação.
“A Fundação esclarece que, apesar de todo empenho da equipe, lamentavelmente, a evolução clínica da paciente foi desfavorável. No pós-operatório, foi identificada uma hemorragia interna. Para salvar a vida da paciente, foi necessária a retirada do útero, transfusão sanguínea e administração de doses elevadas de aminas vasoativas, que provocam o estreitamento dos vasos sanguíneos para manter a pressão arterial, mas que podem causar uma oclusão arterial como efeito adverso. Levantamento preliminar do caso aponta que foi isso que aconteceu no braço da paciente”, diz a nota.
Passista entra em hospital para retirar miomas e sai com o braço amputado no RJ
Reprodução
Na sequência, a Fundação Saúde explica que foi feita a estabilização da paciente e a transferência para o Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC), que tem equipe de cirurgia vascular, para o seguimento adequado do caso.
“Após esclarecimentos à família sobre a necessidade da amputação para salvar a vida da paciente, o procedimento foi realizado”, diz em outro trecho.
A direção do HMulher afirma ainda que manteve contato constante com a direção do IECAC para acompanhar a evolução de Alessandra, e que após sua alta médica, a equipe do HMulher fez contato com familiares e foi agendada consulta para acompanhamento ambulatorial.
Sindicância administrativa
Também em nota, a Fundação Saúde informou que instaurou sindicância administrativa para avaliar os procedimentos realizados em Alessandra dos Santos Silva no Hospitais da Mulher Heloneida Studart e no Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (IECAC), e que é prematura qualquer afirmação ou conclusão sobre o caso.
“A equipe médica do Hospital da Mulher que atendeu a paciente está prestando todos os esclarecimentos solicitados pela Polícia Civil sobre os procedimentos realizados e está colaborando com todas as informações para a investigação. Os prontuários já foram entregues à polícia”, diz.
Médicos prestaram depoimento
Também nesta terça-feira (25), o cirurgião Gustavo Machado, responsável pela primeira cirurgia na passista Alessandra dos Santos Silva, que teve o braço amputado após complicações, prestou depoimento, na condição de testemunha, na 64ª DP (São João de Meriti).
Também procuraram a distrital um ginecologista que participou da operação e um médico do CTI para onde Alessandra foi levada — todos do Hospital da Mulher Heloneida Studart.
A especializada ainda espera ouvir os profissionais do Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro (Iecac), a segunda unidade onde a passista se internou e onde foi feita a amputação do braço.
À polícia, o cirurgião do Heloneida Studart negou que tenha ocorrido negligência médica no hospital. Segundo o especialista, houve um “problema vascular” em Alessandra que levou à retirada de todo o útero.
Gustavo disse que a transferência da paciente ocorreu no dia seguinte que observaram o problema. Ainda segundo ele, a decisão de amputar parte do braço da passista foi do outro hospital.
“Esse primeiro depoimento trouxe pra gente a rotina e como foi o procedimento cirúrgico que gerou a retirada dos miomas. Segundo ele [o médico], foram retirados 19 miomas, cerca de dois quilos e meio de material. Após a cirurgia, ela teve uma hemorragia interna e dessa hemorragia, ela foi submetida a uma nova cirurgia que culminou com a histerectomia — retirada do útero”, explicou o delegado Bruno Enrique de Abreu Menezes, titular da 64ª DP.
“Após essa cirurgia, ela teve um problema vascular e por isso ela foi encaminhada para o segundo hospital que ficou responsável pela cirurgia vascular e ficou responsável pela retirada do membro da paciente. Provavelmente, que retirou o membro foi o cirurgião-vascular. Como é uma cirurgia vascular, ele teria essa predileção”, completou o delegado.
A polícia investiga se houve alguma negligência ou imperícia.
Ainda nesta terça, Alessandra esteve no Hospital Souza Aguiar, no Centro, para revisar os pontos da primeira cirurgia. Ela reclamou de dores na barriga. A previsão é de tirar os pontos nesta consulta.
O g1 questionou a Secretaria Estadual de Saúde (SES) sobre a conduta do médico e se ele pode ser afastado das funções enquanto a polícia investiga o caso. A pasta ainda não respondeu.
O Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) também foi procurado para saber se abriu uma sindicância contra o profissional e contra o hospital. O órgão também não respondeu.
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