A disparada no preço dos automóveis nos últimos anos tem várias explicações e começa no início da pandemia. A alta do dólar e a guerra na Ucrânia também impactaram. Venda de carros usados no país passa a ser cinco vezes maior que a de carros novos, diz levantamento da FGV
Um levantamento comparou a evolução do preço do carro novo com o salário mínimo. Em quatro anos, a diferença quase dobrou.
O “carro popular”, já não é mais tão popular assim. A Fundação Getúlio Vargas comparou a evolução de preços de três modelos zero quilômetro, com motor 1.0 e itens básicos.
Em 2019, o valor médio era de R$ 30 mil e o brasileiro precisaria desembolsar 30 salários mínimos da época para sair de carro novo. Três anos depois, o mesmo carro passou a custar quase 70% a mais, o equivalente a 41 salários mínimos. Em 2023, o preço disparou mais uma vez – R$ 67 mil.
“Foi uma inflação muito atípica nesses últimos dois anos por conta tanto de custos do carro zero, quanto pelo lado de demanda e a partir de 2021, com esse problema todo, isso saltou a níveis estratosféricos”, explica Matheus Peçanha, economista da FGV Ibre.
A disparada no preço dos carros nos últimos anos tem várias explicações. Vem desde o início da pandemia. Com o lockdown na China, maior produtor de componentes automotivos, faltou peça, aumentaram os custos de produção e do frete. A alta do dólar e a guerra na Ucrânia também impactaram.
“Outro fator muito importante são aumento da legislação. A legislação exigiu que os veículos fossem equipados com mais equipamentos de segurança. Por exemplo, o controle eletrônico de estabilidade, e isso também impactou mais os veículos de menor preço”, diz Cássio Pagliarini, especialista em mercado automotivo.
Com o preço do zero quilômetro nas alturas, está cada vez mais difícil para o consumidor sentir aquele cheirinho bom de estofado novo.
Em 2022, a venda de carros usados foi cinco vezes maior que a de carros novos e a preferência tem sido por veículos com pelo menos 11 anos de rodagem.
Com a valorização dos usados, esse mercado também inflacionou. Muitas vezes, o cliente que chega na revenda do Victor tem um limite para gastar.
“São carros abaixo de R$ 40 mil. E estamos atingindo carros mais velhos, porque os novos ficaram muito caros, então para chegar nessa casa dos 40, 50, estamos vendendo carro 2013, 14, 15”, conta Victor Hugo Bernucci, gerente revenda de seminovos.
O Antônio Santos ainda está pesquisando para ver se vai dar conta de pagar, mesmo que seja um carro usado. “Isso que nós estamos olhando. Dar uma entrada e as prestações de um jeito que não vai apertar para um lado, porque não é só o carro né, tem as outras coisas em casa também”.
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