Nesta quinta (17), Trump havia dito que Powell está ‘sempre muito atrasado e errado’ na condução da política de juros do país. O presidente dos EUA, Donald Trump, em 7 de abril de 2025
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua equipe estão “estudando o assunto”, disse o assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, nesta sexta-feira (18), quando questionado por um repórter se demitir o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, era uma opção.
Quem ocupa o cargo de presidente nos EUA não pode demitir diretamente o chefe do Fed. Para isso, um processo teria de ser aberto para comprovar que quem está no comando do BC americano cometeu alguma irregularidade grave durante seu mandato.
Nesta quinta (17), porém, Trump afirmou a repórteres que, caso ele peça para o chefe do BC deixar o cargo, ele irá deixar. Segundo ele, Powell deveria promover novos cortes de juros.
Apesar disso, Powell afirmou que a lei não permitiria sua remoção, que ele não sairia se fosse solicitado por Trump e que pretende servir até o final de seu mandato como presidente do Fed, que termina em maio de 2026.
Segundo especialistas ouvidos pela Reuters, a credibilidade do Fed como o banco central mais poderoso do mundo se baseia em grande parte em sua independência histórica para agir sem influência política, e uma tentativa de remover Powell do cargo poderia perturbar ainda mais os mercados, já afetados pelo tarifaço. (leia mais abaixo)
Trump x Powell
Trump chama presidente do BC americano de ‘atrasado e errado’
Nesta quinta-feira (17), Trump criticou a gestão de Jerome Powell e disse que ele está “sempre muito atrasado e errado” na condução da política de juros do país.
A declaração veio apenas um dia após Powell criticar publicamente o tarifaço do presidente americano. Na quarta (16), Powell disse que o nível das tarifas anunciadas por Trump é muito maior do que o Fed esperava, mesmo nos cenários “mais extremos”.
O presidente do Fed também disse que a guerra tarifária iniciada pelos EUA pode dificultar o trabalho do BC americano, que toma suas decisões sempre guiado pelo objetivo de controlar a inflação e fortalecer o mercado de trabalho.
Trump reclamou do tempo que falta para o fim do mandato de Powell à frente do Fed, dizendo que esse momento “não chega rápido o suficiente”. Os mandatos de presidente e vice do Fed têm duração de quatro anos.
Fed é instituição independente
O Fed é uma instituição independente e o governo não pode interferir nas decisões sobre os juros, o que evita o uso das taxas de juros para aquecer a economia em um momento de inflação acelerada.
“É muito importante o Fed ser independente porque é a instituição responsável por olhar para a economia de um jeito técnico”, explica o analista de investimentos Vitor Miziara.
“Os governos, de forma geral, torcem para juros muito baixos porque estimulam a economia, trazem dívidas com custos menores e facilitam a vida das pessoas. Mas isso só funciona no curto prazo porque juros muito baixos sem uma base técnica para isso trazem inflação. A conta sempre chega lá na frente”, pontua.
“A independência do banco central é importante para que a instituição não tome decisões com base no populismo, mas sim tentando assegurar uma economia saudável no médio e longo prazo, e não apenas no curto prazo para beneficiar o presidente da vez”, destaca Miziara.
