Artistas brasileiros brilham na Ópera de Paris, na França

O pianista clássico e aspirante a maestro Ramon Theobald e a bailarina Luciana Sagioro receberam apoio de uma rede de doadores. Artistas brasileiros se destacam estudando em Paris
Dois artistas brasileiros estão brilhando na França e, para chegar lá, receberam um apoio fundamental de uma rede de doadores.
De Petrópolis para Paris. O pianista clássico e aspirante a maestro Ramon Theobald é responsável pela preparação de cantores na Academia de Música da Ópera de Paris. Como a soprano italiana Martina Russomanno. Juntos, eles fazem ajustes no repertório. Encontram o tom certo, o respiro. Se entendem na troca de olhares.
A academia foi fundada em 2015 por Myriam Mazouzi como uma escola de aperfeiçoamento para músicos de alto nível. “Formamos os artistas de amanhã. Trabalhamos para o futuro”, diz a diretora.
A sede é na Ópera Bastille, uma das grandes salas de espetáculos da capital francesa. São trinta artistas residentes, escolhidos num rigoroso processo de seleção, que vai desde a avaliação de vídeos e currículos a audições presenciais.
Candidatos estrangeiros precisam pagar as próprias passagens, hospedagem e alimentação. Quem passa, ganha bolsa e tem, durante dois anos, acesso a toda a estrutura da Ópera de Paris.
Ramon é o primeiro brasileiro, abrindo caminho para outros. “Eu tenho muita consciência do que isso significa. Eu valorizo muito isso”, diz o musicista.
E ele quer ajudar mais brasileiros a terem a mesma oportunidade.
“Eu sei o quão caro é e o quão difícil era quando eu estava no Brasil e tinha que vir para cá fazer audição, fazer curso. Eu quero muito, muito, muito ajudar os brasileiros que querem vir para cá fazer ópera”, conta Ramon.
É uma forma de retribuir a generosidade de apoiadores brasileiros que contribuíram para o início de mais essa carreira internacional.
Veja como se inscrever para as escolas da Ópera de Paris e como ajudar jovens brasileiros que querem estudar lá
Do outro lado da capital francesa, fica mais uma fábrica de talentos da Ópera de Paris: a escola de dança, que forma bailarinos entre 8 e 17 anos desde a época do Rei Luís 14. Aqui, também, doações ajudam a manter os alunos.
Essa nova sede abriu em 1987. Internato, salas de aula, estúdios de dança. Todos interconectados para facilitar o vai e vem desses jovens dançarinos.
Matérias escolares de manhã, aquecimento e ensaios à tarde. Uma vida regrada de disciplina e sonhos.
A diretora, Elisabeth Platel, dançou ao lado de Rudolf Nureyev, um dos maiores bailarinos da história. E diz que o desafio é formar não apenas dançarinos completos, mas seres humanos completos também.
São 151 estudantes, sendo que 32 estrangeiros, de 14 nacionalidades. Entre elas, uma única aluna brasileira. A mineira Luciana Sagioro sempre soube que queria estar aqui, nessa escola, nessa cidade, para crescer como artista.
“No Brasil, eu aprendi o método russo. Aqui estou aprendendo o método francês. É a técnica do refinamento, o pé perfeito, o salto que não faz barulho quando cai”, explica Luciana.
A ambição surpreendeu a família. Mas o apoio foi incondicional.
“Ninguém da minha família nunca dançou, ninguém nunca teve esse interesse pelo balé clássico. Quando eu fiz uma primeira aula aos três anos, eu fiquei apaixonada. Quando eu fiz 8 anos, ainda na minha cidade, Juiz de Fora, eu tive certeza absoluta. Isso que eu quero para a minha vida, quero ser bailarina, quero calçar uma sapatilha de ponta, quero dançar nos palcos”, revela a dançarina.
Determinada e delicada. Mais uma brasileira trilhando seu caminho entre os melhores do mundo. Um passo de cada vez.

02/04/2023 00:33

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