Leandra Gonçalves é bióloga e moradora de Santos (SP). Ela deve desenvolver os projetos ao longo de três anos. Brasileira ganha bolsa internacional para estudar formas de melhorar cuidado marinho em áreas de proteção ambiental marinha do litoral de SP.
Deborah Gallo
A bióloga Leandra Gonçalves é a única brasileira dentre sete pesquisadores escolhidos para receber uma bolsa internacional de conservação marinha da Pew Fellowship in Marine Conservation. Moradora de Santos, no litoral de São Paulo, ela será financiada com U$ 150 mil pelos próximos três anos, tempo em que desenvolverá estudos para encontrar formas de melhorar o cuidado com áreas de proteção ambiental nas praias da região.
Os ganhadores da bolsa foram divulgados na última terça-feira (21). O grupo escolhido reúne pesquisadores dos Estados Unidos, Austrália, Reino Unido, Cabo Verde e China.
Quando descobriu que fazia parte dos selecionados, Leandra ficou emocionada. Para ela, ter a oportunidade de gerar conhecimento para contribuir com a diversidade biológica é uma honra, já que a região escolhida para o estudo, o litoral paulista, enfrenta desafios para compatibilizar o crescimento, desenvolvimento e conservação.
Além disso, Leandra também ressalta a oportunidade de ser financiada para realizar pesquisas. Segundo ela, a ciência brasileira enfrentou nos últimos quatro anos severos cortes no orçamento de bolsas e projetos.
Os ganhadores da bolsa Pew Fellowship in Marine Conservation foram divulgados na última terça-feira (21).
Deborah Gallo
A bióloga conta que a paixão pela natureza surgiu desde a infância. Ela nasceu em Jundiaí (SP), uma cidade que é rodeada por Mata Atlântica, mas, foi o primeiro mergulho no mar durante o Ensino Médio que a fez entender que queria trabalhar com e pelo o mar.
“É um privilégio poder trabalhar com o que gosta e o que acredita. Não que não existam desafios, [porque] existem, e não são poucos, mas alimenta o coração fazer o que acreditamos”.
A pesquisa
O programa Pew Fellows apoia cientistas em meio de carreira e outros especialistas que buscam soluções para os desafios que afetam o oceano no mundo todo. A brasileira foi escolhida por um comitê internacional de ciência marinha, que avaliou o plano que foi apresentado após ela ser indicada por um especialista da área.
“Essa pesquisa é pautada pela construção colaborativa e participativa com os atores locais [veja explicação abaixo], e que tem interesses e atividades relacionadas ao mosaico de áreas marinhas protegidas do litoral de São Paulo”, explica a bióloga.
Os atores locais os quais Leandra se refere fazem parte da população em geral que frequenta os locais que serão estudados, seja banhistas, pescadores, moradores, entre outros. Dentre as áreas de proteção que a bióloga pretende estudar estão o Parque Estadual Marinho da Laje de Santos, a Área Marinha Protegida do Litoral-Centro e o Parque Nacional Marinho de Alcatrazes.
A pesquisadora ainda usará a ferramenta analítica “Contribuições da natureza para as pessoas”, que é uma forma de mapear tudo o que a natureza oferece aos seres humanos, como alimento, lazer, regulação do clima, entre outros. A partir disso, a população deve ser conscientizada para que entendam, na prática, os benefícios da natureza para a humanidade.
Produzindo mapas de ecossistemas marinhos na rede de áreas marinhas protegidas, inclusive com as condições e os serviços ecológicos, a pesquisadora deverá desenvolver novos meios de incluir as comunidades locais na conservação ambiental das áreas marinhas protegidas.
É um projeto que parte da premissa que a conservação é feita com as pessoas e para as pessoas”, ressalta.
Todas as informações relevantes coletadas serão compartilhadas em uma série de workshops e kits de ferramentas online de melhores práticas para melhorar o gerenciamento de áreas marinhas protegidas.
Ilha dos Alcatrazes (SP) é berçário para muitas espécies nativas e migratórias.
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