Tarifas sobre produtos americanos estavam em 84% antes do novo anúncio de aumento feito nesta sexta (11) pelo Ministério das Finanças do país asiático. Taxação é resposta às medidas aplicadas por Trump. O presidente da China, Xi Jinping, durante Congresso Nacional Popular, em 5 de março de 2025
REUTERS/Tingshu Wang
A China anunciou na manhã desta sexta-feira (11), pelo horário de Brasília, que vai aumentar as tarifas de produtos dos Estados Unidos de 84% para 125%, informou o Ministério das Finanças, de acordo com a agência de notícias Reuters.
A nova taxação do país asiático sobre produtos americanos é mais uma reposta às medidas impostas pelo presidente Donald Trump. Na quinta-feira (10), em mais um capítulo da guerra comercial, os Estados Unidos explicaram que as tarifas impostas ao país asiático somam 145%.
“A imposição pelos EUA de tarifas anormalmente altas à China viola gravemente as regras do comércio internacional e econômico, as leis econômicas básicas e o bom senso, sendo um ato completamente unilateral de intimidação e coerção,” disse o Ministério das Finanças da China, em comunicado.
Também nesta sexta, a missão da China junto à Organização Mundial do Comércio (OMC) informou que apresentou uma queixa adicional ao órgão contra as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
“Em 10 de abril, os Estados Unidos emitiram uma ordem executiva anunciando um novo aumento das chamadas ‘tarifas recíprocas’ sobre produtos chineses. A China apresentou uma queixa à OMC contra as mais recentes medidas tarifárias dos Estados Unidos,” disse o comunicado da missão chinesa, citando um porta-voz do Ministério do Comércio.
Guerra comercial
Um dia antes, Trump havia aumentado para 125% a cobrança sobre os produtos chineses — antes, a taxa era de 104%. Antes da explicação da Casa Branca, a China já havia dito que afirmou que os desafios econômicos “aumentaram significativamente” e seguiu criticando as medidas.
“As ações dos Estados Unidos não têm o apoio do povo e terminarão em fracasso”, disse .
O país asiático também voltou a dizer que não vai recuar diante das provocações de Trump. “Nunca aceitaremos pressão extrema ou intimidação por parte dos Estados Unidos”.
“Tomar medidas adicionais para se opor às ações de intimidação dos EUA não tem como único objetivo proteger nossa própria soberania, segurança e interesses de desenvolvimento. Também visa proteger a equidade e a justiça internacionais”, disse.
“Vamos lidar inabalavelmente com nossos próprios assuntos, para compensar a incerteza do ambiente externo”, continuou. Na quinta, começaram a valer as tarifas de 84% da China sobre produtos importados dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos revidaram com mais um aumento de taxa, chegando a 125%. Posteriormente, a Casa Branca esclareceu que esse aumento é em relação à taxa de 84% anunciada por Trump nesta semana, que, por sua vez, se soma à tarifa de 20% relacionada ao fentanil e imposta anteriormente à China.
Essa disputa começou em 2 de abril, quando o republicano anunciou taxas de importação de 10% a 50% sobre 180 nações de todo o mundo. De lá para cá, houve retaliações entre os dois países, com elevação tarifas.
Entenda como a taxa sobre a China chegou a 145%:
No início de fevereiro, os EUA aplicaram uma taxa extra de 10% sobre as importações vindas da China, que se somou à tarifa de 10% que já era cobrada do país, chegando a 20%;
Na quarta-feira da semana passada, dia 2 de abril, Trump anunciou seu plano de “tarifas recíprocas” que incluía uma taxa extra de 34% à China, elevando a alíquota sobre os produtos do país asiático a 54%;
Após a retaliação chinesa que também impôs tarifas de 34% sobre os EUA, a Casa Branca confirmou mais 50% em taxas sobre as importações chinesas, deixando a tarifa sobre o país no patamar de 104%.
Com o anúncio de que a China irá elevar a 84% as taxas sobre os produtos norte-americanos, Trump decidiu subir para 125% a tarifa contra os asiáticos, na mais nova ofensiva. Esse valor foi somado aos 20% que já eram aplicados antes de abril, chegando aos 145%.
Bandeiras dos EUA e da China tremulam em Pequim
Tingshu Wang/Reuters
Paralelamente, o líder norte-americano anunciou uma redução para 10% as taxas recíprocas a outros países, pelo prazo de 90 dias. Ele se referiu à decisão como uma “pausa” no tarifaço, que há uma semana resultou na escalada da guerra comercial global.
“Autorizei uma pausa de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato”, escreveu Trump.
Na prática, os EUA passam a ter agora uma taxa geral de 10% sobre quase todas as importações do país, o que inclui produtos brasileiros. Tarifas específicas já em vigor, como as de 25% sobre aço e alumínio, não são afetadas pela medida — e continuam valendo.
Veja a íntegra da nota de Donald Trump
Com base na falta de respeito que a China demonstrou aos mercados mundiais, estou, por meio deste, aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato. Em algum momento, esperançosamente em um futuro próximo, a China perceberá que os dias de exploração dos EUA e de outros países não são mais sustentáveis ou aceitáveis. Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos, incluindo os Departamentos de Comércio, Tesouro e USTR, para negociar uma solução para os assuntos em discussão relativos a Comércio, Barreiras Comerciais, Tarifas, Manipulação Cambial e Tarifas Não Monetárias, e que esses países não retaliaram de forma alguma contra os Estados Unidos, por minha forte sugestão, autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato. Obrigado pela sua atenção a este assunto!
Trump eleva para 125% tarifas contra China
Esta reportagem está em atualização.
