Juro bancário sobe para 43,7% ao ano em janeiro, maior nível em quase dois anos, revela Banco Central

Alta do juro bancário acontece em meio ao aumento da taxa básica da economia, a Selic, fixada pelo Banco Central para tentar conter a inflação. Crédito bancário tem pequeno aumento em fevereiro. A taxa média de juros cobrada pelos bancos em operações com pessoas físicas e empresas subiu 1,5 ponto percentual em fevereiro deste ano – e fechou o mês em 43,7% ao ano.
As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (9) pelo Banco Central.
Esse é o maior patamar desde maio de 2023, quando estava em 44,2% ao ano, ou seja, em quase dois anos.
O juro foi calculado com base em recursos livres – ou seja, não inclui os setores habitacional, rural e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O aumento do juro bancário acontece em meio à alta da taxa básica da economia, a Selic, fixada pelo Banco Central para tentar conter a inflação. Em março, a taxa atingiu 14,25% ao ano.
De acordo com o BC, a taxa média de juros cobrada nas operações com empresas recuou de 24,1% ao ano, em janeiro, para 23,9% ao ano em fevereiro deste ano.
Já nas operações com pessoas físicas, os juros subiram de 53,9% ao ano, em janeiro, para 56,3% ao ano em fevereiro de 2025. Esse é o maior patamar desde agosto de 2023 (56,5% ao ano).
Cheque especial e cartão de crédito
🔎No cheque especial das pessoas físicas, a taxa subiu de 135,6% ao ano, em janeiro, para 144,4% ao ano em fevereiro. O aumento foi de 8,8 pontos percentuais.
🔎Já a taxa média de juros cobrada pelos bancos nas operações com cartão de crédito rotativo, por sua vez, subiu de 441% ao ano, em janeiro, para 450,6% ao ano em fevereiro deste ano. A alta foi de 9,6 pontos percentuais.
Com o aumento no juro do cartão de crédito rotativo em janeiro, a taxa permanece em patamar proibitivo. Acima de 400% ao ano, essa é a linha de crédito mais cara do mercado financeiro.
O aumento aconteceu apesar de o Conselho Monetário Nacional (CMN) ter limitado, desde janeiro de 2024, o valor total da dívida dos clientes no cartão de crédito rotativo. O valor do débito não pode mais exceder 100% da dívida original.
Se a dívida for de R$ 100, por exemplo, a dívida total, com a cobrança de juros e encargos, não poderá exceder R$ 200.
O custo do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), entretanto, está fora desse cálculo. Isso vale somente para débitos contraídos a partir de janeiro.
O crédito rotativo do cartão de crédito é acionado por quem não pode pagar o valor total da fatura na data do vencimento. Segundo analistas, essa linha de crédito deve ser evitada.
A recomendação é que os clientes bancários paguem todo o valor da fatura mensalmente.
Crédito bancário
O volume total do crédito bancário em mercado, segundo o Banco Central, registrou aumento de 0,4% em fevereiro, e somou R$ 6,48 trilhões. Em doze meses, a expansão foi de 11,8%.
“Esse resultado decorreu dos incrementos de 0,5% no estoque de crédito às empresas e de 0,4% no destinado às famílias, cujos montantes situaram-se em R$ 2,5 trilhões e R$ 4 trilhões, respectivamente”, informou o Banco Central.
Segundo a instituição, o crédito livre às famílias registrou estabilidade em fevereiro, e, em doze meses, uma alta de 12,4%, com destaque para:
cartão de crédito à vista (-2,2%)
crédito pessoal não consignado vinculado à composição de dívidas (-2,5%),
crédito pessoal não consignado (+1,4%),
crédito consignado para beneficiários do INSS (+1,4%) e
cartão de crédito rotativo (+2,6%).
Inadimplência em alta
De acordo com dados do Banco Central, a taxa de inadimplência média registrada pelos bancos nas operações de crédito avançou em janeiro para 3,3%.
Em janeiro, somava 3%. É o maior nível desde novembro de 2023 (3,4%).
Nas operações com pessoas físicas, a inadimplência ficou estável em 3,8% em fevereiro. Trata-se do maior valor desde outubro de 2023 (3,9%).
Já a inadimplência das empresas subiu de 2,2% em janeiro para 2,3% em fevereiro deste ano (maior nível desde setembro do ano passado, quando estava em 2,4%).

09/04/2025 08:38

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